sábado, 2 de agosto de 2008

Estacionamento

Como olhar pro infinito se você gosta de fingir que está tudo bem?

Hoje eu fiquei em um estacionamento de São Paulo. Pra variar reparei em tantas coisas, acendi um cigarro e deixei o tempo passar, cantarolei músicas, olhei a arquitetura de lugar nenhum. Estava ventando bem forte, as árvores balançavam e a vida passava como um tom menor e triste de uma música qualquer da Amiee Mann; Não pude parar de deixar minha mente fazia, dessa vez deixei a ventania tocar meus cabelos e esbarrar na minha pele, nesse tempo, sentado num muro olhei as pessoas em volta, suas vidas, minha vida.

Nada é mais como eu gostaria que fosse, a vida aqui passa lentamente, as pessoas aqui passam rapidamente... O vento vem de lugar nenhum e move meu corpo já inquieto por essa situação de espera. Não dá pra ignorar a falta que me faz uma coisa que nunca tive, honestamente não sei o que alimenta isso, tento perceber o que acontece em lugar nenhum. cansado. Respiro bem fundo na busca de ar puro, mas mesmo num lugar cheio de oxigênio me falta ar. É como o velho chichê de estar numa multidão e ainda assim sentir-se só.

Como pode essa perturbação por algo que nunca tocamos? A vida vem realmente me pregando uma peça maldosa e cruel... Já não sinto vontade de reparar no mais simples sendo que um mais simples beijo me falta.

Mas como posso afirmar isso com tanta convicção? Na vida as palavras são só mais uma brincadeira da minha mente, elas adoram me ver entrar em contradição. Como posso viver nessa instabilidade de pensamentos? Não é justo. É muito rápido a capacidade que tenho... No momento de reler o que acabei de escrever, percebo que já não sou eu que escrevi, já não sou a mesma pessoa. Assim como a molécula de oxigênio movida pelo vento, que toca minha pele, já não é a mesma de 1 segundo atrás...

Posso me considerar normal? E desde quando eu me preocupo em ser normal? Foda-se. Um dia de cada vez disse meu analista, um dia de cada vez diz o cabeçalho desse blog, um dia de cada vez meu ser pede, um dia de cada vez num sonho muito louco de uma noite mal dormida.

Eu nunca imaginei que um estacionamento poderia me dizer tanto, achei que luares no meio do oceano me dissessem mais... A muito tempo que venho esperando, a muito tempo que venho sonhando, a muito tempo que não esfrego meus olhos na busca do real.

Eu nunca senti essa mágica louca que sinto. Mas num estacionamento percebi coisas que jamais poderia descrever em palavras... Sentir "brisas" sentado num muro faz muito bem a inquietude.

3 comentários:

Ana Carolina disse...

às vezes, qualquer coisa pode nos dizer tudo ou nada. é questão de interpretar.
fica em paz.

John disse...

cada vez melhor, ta foda, agora to acompanhando o blog pq tenho gostado e não apenas por ser meu amigo, saudades inclusive, qdo nos vemos? não pare de escrever. o texto de segunta também tá legal, as vezes é gostoso escrever coisas menores, só expressas um pequeno relapso nosso. mas esse me capturou mais.

beijos.

Unknown disse...

Os lugares e coisas mais simples são SEMPRE os que nos trazem mais respostas...
Ahm..respostas?Nem sempre...as vzs mais perguntas.Bom, pelo menos nos fazem pensar(o que já eh uma grande coisa num mundo onde as pessoas agem de modo involuntário e mecânico).As vezes também me assusto com a rapidez q meus pensamentos se transformam.Evoluem, regridem...aquele bendita inconstante que domina nosso ser(sei exatamente o q vc quer dizer)Só não deixe essa inconstante se tornar mais um problema na sua cabeça.Aceite-a e seja (assim como eu e mais alguns por ai) uma “metamorfose ambulante”...