segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Tempestade Mental

Madrugada... Já é sexta, passa das 3 na matina, o som é Dishwalla... A luz continua a mesma apesar da mudança que aconteceu no meu quarto, o tom amarelado fica bem nas paredes verdes. Penso em tantas coisas...É uma grande confusão mental; A musica viaja por cada canto do "novo" quarto, sinto nada e isso é um problema... Não?

Acordo as 9, nem lembro quando dormi, mas a luz continua meio tom e o som coloca meus tímpanos pra acordar. A musica ainda é a mesma, Moska sabe dizer as coisas certas... O telefone toca: -Vamo anda?- é o Caio, ele sabe como me animar em andar de bike por aí...- Eu vou tomar um banho e passo na tua casa, pode ser?- ainda tenho sono, minha mente resolve acordar e me lembrar de tudo que rolou na madrugada. -Tá, me liga quando estiver perto...- e sempre com um "Tchau, tchau" no final ele se despede...

O clima em casa não tem sido dos melhores...Mas mesmo assim eu tomo meu banho e me jogo pra rua afim de desbravar o mundo com a Momo... Na mochila azul tem quase tudo que preciso: Um canivete de ferramentas, remendo, iFuck e a carteira.
O único olhar que dou pro céu, é pra olhar algumas figuras que as nuvens estavam fazendo. Mas como na vida real, algumas situações são comparadas a nuvens, ao simples fato que o vento vai sempre dissipar aquilo que não é real, mas há dias que só cai a chuva, e as nuvens não mudam de forma, porque o vento tá bem ocupado tentando empurrar o tempo pra que passe depressa e acaba esquecendo de mudar as figuras nas nuvens, deixando algumas formas quase que fixas na mente.

Segui o conselho do Felipe, resolvi procurar alivio em musicas de peso. Não pus As I Lay Dying, queria escutar e entender o que era falado na musica. O escolhido pro role foi Breaking Benjamim. Funcionava como um dopping, eu pedalava como um louco, pulava, subia e chutava as latas de lixo... Aquilo me fazia esquecer um pouco das coisas, afinal não tinha sido uma madrugada muito boa... Passando pela João Dias para Av.Sto Amaro, uma musica chamada Forget it, era muito bem vinda... O sol brilhava ardido e o suor escorria pela minha pele dando uma sensação de alivio...Ventava bastante, tinha que pedalar mais forte o vento era como uma mão no meu peito. Viajava na letra, a musica era linda, fazia um puta sentido, me sentia num clipe.

" ...By the time I lose it I'm not afraid, I'm alive but I can Surely fake it..." "... How can I believe when this cloud hangs over me, You're the part of me that I don't wanna see... Fotget it..."

"There's a place I see you follow me, Just a taste of all that might come to be, I'm alone but holding breath you can breathe, To question every answer counted..."

" Just fade away, Please let me stay, Caught in your way, Forget it..."

A Av. José Diniz é uma grande reta, me leva sempre a pensar... Logo depois ela vira Ibirapuera, e Depois Viro na Republica do Libano. O Caio tinha me ligado, disse pra se encontrar no "porkinho", como sempre... Entrei no Ibira e já vi a galera de longe. Parei, falei com todos, guardei o iFuck, e como sempre dei um role com a galera sem musica. Música com eles, é escutar as merdas e as filosofias que saem durante o role. Andamos por aí, fomos pra Paulista, centro, Vila Mariana... Nos picos de sempre...

O tempo começou a fechar, alguns já foram indo embora, voltamos pra Paulista e fizemos a despedida central no mesmo lugar de sempre. Desci a Brigadeiro e passei pelo Ibira de novo... A chuva parecia me esperar achar um lugar coberto...

Parei no Stop Dog, tinha fome. Sentei no balcão bem lá na ponta, perto da bike, tinha colocado ela dentro do lugar, o manobrista falou pra deixar do lado de fora que ele olharia. -Nao confio.- disse pra ele, mas não na intenção de não confiar nele, e sim que é muito fácil roubar uma bike. Mas já era tarde, ele tinha ficado com uma cara de bosta...




O lanche era o de sempre em qualquer hanburgaria. "hanburguer simples, com cebola frita e maionese a parte." Citros pra acompanhar. Peguei o iFuck na mochila apertei play. A musica era Rain do Breaking Beijamim. Não tinha terminado de escutar o álbum inteiro, mas era a última musica. Como num passe de magia, no primeiro acorde caio o mundo. A chuva era demais, era grossa. Sem escrúpulos. Perfeita. Sem falar que a coincidência era gigante.

Mesmo depois de acabar a musica, a chuva não foi embora, não seguiu o apelo principal da musica.

"...Rain rain go away, come again another day, all the world is waiting for the sun..."

Comi, não tinha colocado nada na boca desde que acordei e já era 8 horas da noite... Coloquei Death Cap. Adoro uma musica deles, e é praticamente impossível não pensar em alguém.
Technicolor Girls, era o som no balcão de bancos vermelhos e de madeira dos anos 80. Só eu ouvia, eu estava sozinho lendo os premios que o lugar recebera ao longo dos anos pela revista Veja. Todos pendurados na parede... Pulei de álbum e coloquei uma musica do Narrow Stairs, que chama " I Will Posses Your Heart " parecia combinar melhor com o som da chuva.




Deixei o ultimo gole pra depois que fumasse, com bastante gelo o ultimo gole me esperava.
Pedi desculpas ao manobrista, falei que não era por não confiar nele...- ...é muito fácil roubar uma bicicleta...- disse. Ele achou o máximo alguém pedir desculpas, assumir um "erro". Achou raro. Ficamos conversando por horas... A chuva era imparcial, não dava uma só trela.

Meia noite apitava no meu relógio. A chuva ainda era a mesma, as conversas com Damião eram fodidas de boa. O cara é um livre pensador. " Tá muito bom, mas acho que eu vou encarar a minha nuvem Damião..." - Já pegando os 30 saquinhos que ele tinha me arrumado pra embrulhar o iFuck e as coisas da minha mochila... " ...Acho que tá na hora de nós encararmos nossas nuvens..." Ele disse isso com um sorriso barato no rosto.

Encarei a chuva. Encarei minha nuvem. Me molhei muito, senti cada molécula da chuva em mim, a água escoria no meu corpo, o vento era forte e o frio se fazia presente. Pulei de cada poça pra que a água do chão não me sujasse. "Mas que se foda" Alguém pensou, e passou com o carro numa poça gigante... Nunca senti tanta água sendo jogada em mim por 4 carros seguidos.

É... Eu tava na merda. Haha... O que me restava era cantarolar algumas músicas e pular com toda a vontade no meio das poças que já não eram mais evitadas. Fiz o caminho contrário, subi, desci... Nem cansado eu estava, nem suado também... ( claro)

Subia a rua de casa a pé. Empurrando a Momo numa ladeira que nem fazia diferença se tinha fim ou não. Era 2 da matina, a chuva tinha parado, o céu era turvo, mas entre as nuvens já dava pra ver algumas estrelas... A água da ducha era quente perto da temperatura que eu estava, abri mais, e com bastante pressão a água caiu na minha cabeça como minha "tempestade mental pessoal", o som do impacto da água com minha cabeça era alto, praticamente só ele eu escutava...

Estava eu lá. Novamente... A luz era baixa e amarelada, as lembranças de um asfalto brilhante, suspiros e cusparadas d´agua, estavam nos meus pensamentos.
Só queira dormir e sonhar. Só.
O que descobriu?

2 comentários:

Lila disse...

Pode parecer mentira, mas é que não sei mentir: sonhei com vc! E tenho cismas dos meus sonhos.

Pensarei em escrever sobre o sonho.. mas não tenho muita certeza. Bom o teu texto, tua vida e tua mente...
te cuida, Beijos!

Lissa Cristina disse...

Ui Ui Ui Ui Ui
Ce que je fais pour vous?